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O Mapa das Alianças Partidárias nos Estados

Atualizado: 31 de ago. de 2018

por Rafael Câmara


É comum nas eleições presidenciais brasileiras que partidos aliados na disputa presidencial não repitam as mesmas coligações em todos os estados. Alguns comentaristas políticos têm apontado para a variedade de alianças partidárias no plano subnacional como um sinal de desestruturação completa do sistema partidário. Por outro lado, é possível argumentar que em uma federação de proporções continentais e grandes desigualdades regionais é razoável que os partidos apresentem algum nível de variação regional, seja em relação à sua força eleitoral, seja em relação às suas posições programáticas.


Mais importante do que apontar incoerências pontuais nas alianças de determinados partidos é identificar um padrão de alianças que auxilie na compreensão das estratégias dos diferentes partidos. O mapa abaixo resume espacialmente as coligações dos partidos brasileiros para os estados. Para isso, foram levadas em conta todas as coligações para governador, examinadas através do método de análise de componentes principais. As duas dimensões identificadas no mapa são responsáveis por explicar 60% da variação dos dados sobre as alianças nos estados, sendo que a dimensão horizontal sozinha é responsável por explicar 42%. Neste sentido, é mais importante observar as diferenças entre os partidos no plano horizontal. Os partidos pertencentes à mesma chapa para a disputa do executivo nacional foram apresentados com a mesma cor.






O quadro geral aponta para certa fragilidade dos partidos, mas seria incorreto dizer que os partidos nada representam. No campo das candidaturas da esquerda do espectro ideológico (as quais estão posicionadas mais à direita do mapa), as alianças apresentam razoável coerência. Unidos no plano nacional, PT e PC do B mantém-se aliados na maioria dos estados em que competem. Já o PDT, que lançou Ciro como candidato, também manteve um padrão de alianças estaduais que coloca o partido mais próximo do centro e da esquerda. Excluídos da análise por praticamente só fazerem alianças entre si, dificultando seu posicionamento no mapa, estão o PSOL e o PCB, partidos que apoiam a candidatura de Boulos.


Em contrapartida, a centro-direita é um campo que apresenta significativa dispersão de alianças estaduais em relação às candidaturas nacionais. A coligação de Alckmin, composta por nove partidos, situa-se quase toda no centro do mapa, não porque os partidos da chapa coliguem-se quase sempre entre si, mas porque eles realizam alianças com membros de todos os cantos do mapa. A exceção é o próprio PSDB, que tende realizar menos pactos com partidos de esquerda, distanciando-se assim dos demais membros da sua própria aliança nacional. Correndo por fora na disputa presidencial, o MDB também ocupa o centro do mapa das alianças, o padrão do partido se mostra muito semelhante ao dos partidos do chamado “centrão”, os quais apoiam a candidato do PSDB. Já a aliança em torno da candidatura de Álvaro Dias do Podemos apresenta considerável dispersão, mesmo sendo composta por apenas quatro partidos.


Por fim, os dois candidatos com maiores chances de quebrar a polarização entre PT e PSDB na disputa presidencial fizeram coligações pequenas no plano nacional. A política de alianças do partido de Bolsonaro mostra claramente sua oposição aos partidos de esquerda, já a Rede, encontra-se distante da maioria dos partidos, em ponto isolado do mapa, talvez representando bem sua candidata, Marina.

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