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Foto do escritorObservatório das Eleições

Tendências eleitorais para a disputa presidencial

Por Oswaldo E. do Amaral*

Nesses últimos dias de campanha antes do primeiro turno, muitos analistas na imprensa e candidatos têm se lembrado de como as pesquisas “erraram” na eleição presidencial de 2014. Em que pese o exercício de retórica, essa é uma visão bastante difundida pelas redes sociais e em determinados grupos de discussão.


Pesquisas, quando realizadas por institutos sérios e transparentes, têm um forte componente de ciência exata. Mas, ao final, não são pelo simples fato de que lidam com pessoas, suas posições e preferências. As pessoas podem mudar de opinião, alterar seus cálculos, mentir ou responder de forma socialmente desejada. As técnicas utilizadas nas pesquisas tentam minorar esses erros ao máximo, mas eliminá-los é impossível. Para aqueles que acompanham os números, é fundamental sempre ter isso em vista. Ou seja, as pesquisas trazem uma informação fundamental sobre um fenômeno político e social, mas não estão imunes ao fato de que sempre lidam com “probabilidades”.


Para avançarmos um pouco, vejamos os dados de pesquisas realizadas pelo Ibope e pelo Datafolha nos últimos dias que antecederam o primeiro turno em 2014. Todas as pesquisas analisadas aqui foram para o campo a menos de uma semana do pleito. Observando a série, é possível verificarmos que elas foram capazes de identificar a tendência que se confirmaria nas urnas. Os dois institutos captaram a queda gradativa de Dilma Rousseff (PT) e de Marina Silva (PSB) e a subida de Aécio Neves (PSDB). Ambos atestavam também a maior probabilidade de que o segundo turno repetisse a polarização PT x PSDB das eleições anteriores. A pesquisa de “boca de urna” do Ibope, exatamente por conta de ser realizada com eleitores que já votaram, ficou bem próxima do resultado final.


As análises multivariadas (na qual diferentes variáveis são consideradas em conjunto) realizadas após a eleição mostraram que os eleitores de Aécio Neves e de Marina Silva possuíam perfis relativamente parecidos entre si e distinto dos eleitores de Dilma Rousseff. Ou seja, não é estranho imaginar que o voto útil no tucano tenha desidratado a candidatura de Marina até o momento do voto. Um movimento contínuo captado pelas pesquisas.


E agora em 2018, o que temos? Segundo as pesquisas realizadas na última semana pelos institutos Datafolha e Ibope, os candidatos Jair Bolsonaro (PSL) e Ciro Gomes (PDT) apresentam um viés de leve alta. Alckmin (PSDB) e Haddad (PT) apresentam estagnação e a candidata Marina Silva (Rede) vem perdendo votos. Dessa forma, não será surpresa se Ciro Gomes e Jair Bolsonaro apresentarem porcentagens de voto superiores às que registraram nas pesquisas divulgadas no sábado quando as urnas forem abertas.


*Oswaldo E. do Amaral é professor da Unicamp e diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da mesma instituição

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