Por Mayara Rachid*
As últimas eleições têm contado cada vez mais com o uso da internet e das mídias sociais (em especial Facebook e Twitter), que permitem não apenas uma sensação de maior contato e proximidade entre candidatos e eleitores - tendo em vista que a internet transferiu a capacidade de criar conteúdos para os seus usuários - mas também um grande fluxo de geração e circulação de informações.
Essas informações são geradas por meio de registros: toda atividade online deixa rastros no ciberespaço, que são codificados e vendidos em busca de algoritmos capazes de predizer o comportamento humano. Ou, no caso, eleitoral.
Dessa forma, os eleitores assumem o status de “mercadoria política”, pois são codificados e têm seus dados negociados a fim de desenvolvimento de modelos com base matemática para a análise do comportamento e de preferências, fazendo com que os discursos dos candidatos sejam remodelados de acordo com as possibilidades de aceitação desses eleitores, o que altera completamente a relação entre ambos. Essa nova forma de marketing político foca, em especial, nos eleitores indecisos, pois são os que apresentam mais fácil convencimento do que os que, segundo os mapeamentos, não votariam em determinados candidatos de forma alguma.
O Big Data teve destaque nas eleições americanas de Barack Obama, nos anos de 2008 e 2012, com o convencimento de doação de verba para a campanha, mas em especial na de Donald Trump, em 2016, em que houve uso da tecnologia inclusive para a promoção de fake news (notícias falsas) a partir de robôs especializados em coleta de dados e propagação de spams. Assim, para as eleições brasileiras fica como aprendizado a necessidade de checagem de informações recebidas e fontes consultadas, já que não é possível controlar a parte de geração de dados coletados pelas empresas de análise.
O artigo tem como base os seguintes trabalhos:
ANTONIUTTI, Cleide Luciane. Usos do big data em campanhas eleitorais. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Federal do Rio de Janeiro/Escola de Comunicação, Rio de Janeiro, 2015.
SANTOS, Andréia. "O impacto do Big Data e dos algoritmos nas Campanhas Eleitorais”. 2016
*Graduanda em Ciências Sociais pela Unicamp e integrante do Observatório de Eleições 2018.
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